Jesus o Pão de Vida

Publicado por pedrotriana ⋅ 13 de agosto de 2012 ⋅ 47 Comentários

Arquivado Em amem uns aos outros, milagre, multiplicação dos pães, Pão de Vida, vida eterna

Jesus o Pão de Vida

11no Domingo após Pentecostes

Textos

1ra leitura: 1 Reis 19,4-8
Salmo 34,1-8
2da leitura: Efésios 4,30-5, 2
Evangelho: Juan 6, 37-51

Neste Domingo, Dia dos Pais, somos convocados pelo Senhor e estamos reunidos na força do seu Espírito. É dia de festa e alegria, porque o carinho e a bondade de Deus, nosso Pai, se manifestam e nos atingem pela missão e presença amiga de nossos pais. Neles, Deus se mostra e revela o seu amor por nós.

Tanto no texto do evangelho de hoje quanto no texto do domingo passado se fala sobre Jesus como o Pão de Vida. Neste discurso do Pão da Vida (Jo 6,22-71), através de um conjunto de sete diálogos, o evangelista explica o significado profundo da multiplicação dos pães, texto que antecede no evangelho de João o longo discurso sobre o Pão de Vida.

Assim vemos que depois da multiplicação dos pães, o povo foi atrás de Jesus. Tinha visto o milagre, comeu com fartura e queria mais! Porém, não se preocupou em procurar o apelo de Deus que havia em tudo isso. E quando encontrou Jesus na sinagoga de Cafarnaum, teve com ele uma longa conversa, chamada Discurso do Pão da Vida.

Por meio desse discurso, Jesus procura abrir os olhos do povo para ele descobrir o rumo certo que deve tomar na vida. Dá olhos novos para ler os fatos e ver melhor as necessidades. Pois não basta ir atrás de sinais milagrosos que multiplicam o pão para o corpo. Não só de pão vive o ser humano (Lc 4,4)! Por isso, no texto do domingo passado Jesus afirmou: “… vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam os meus milagres. Não trabalhem a fim de conseguir a comida que se estraga, mas a fim de conseguir a comida que dura para a vida eterna” (Jo 6,26-27).

O povo viu o milagre, mas não o entendeu como um sinal de algo mais alto ou mais profundo. Parou na superfície: na fartura de comida. Buscou pão e vida, mas só para o corpo. Mas Jesus pede que o povo dê um passo além. Além do trabalho pelo pão que perece, deve trabalhar também pelo alimento não perecível. Este novo alimento é que traz a vida que dura para sempre. E quando o povo pede: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!”, pensando que Jesus estivesse falando de um pão especial. Então Jesus responde claramente: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). E comer o pão do céu é o mesmo que crer em Jesus e aceitar o caminho que ele ensinou, a saber: “O meu alimento é fazer a vontade do Pai que está no céu!” (Jo 4,34). Este é o alimento que sustenta a pessoa, dá rumo e traz vida nova.

Mas no evangelho deste domingo vemos que muitos dos que ouviram Jesus dizer que ele era o Pão da Vida, alimento para a vida eterna começaram a questionar suas palavras, e murmurar dele. Desta maneira fizeram a mesma coisa que os israelitas no deserto, quando duvidam da presença de Deus junto com eles durante a travessia para a Terra Prometida; quando a falta de alimentos fazia com que o povo duvidasse que Deus estivesse com eles, resmungando e murmurando contra Deus e contra Moisés (cf. Ex 16,1-35; Nm 11,18-23).

E aqui também os judeus duvidam da presença de Deus em Jesus de Nazaré (Jo 6,42). Na cabeça deles está a imagem de um deus todo poderoso, para resolver todos os problemas. Diziam que se era filho de Jose e de Maria não podia ser Deus, por isso não acreditaram nele.

Dessa maneira, eles não ouviram nem entenderam o que Jesus dizia. A certeza de que eles sabiam quem Ele era os impedia entender o restante. E eram inflexíveis e radicais com suas certezas; não tinham o espírito aberto às novidades de Deus. Queriam um Deus de acordo com os planos dele, e não conseguiam estar abertos ao plano de Deus.

E não acreditaram em Jesus porque seus critérios eram eminentemente humanos. Mas precisamos olhar para Jesus com os olhos da fé, para poder ver em sua plena humanidade sua plena divindade. E acreditando nele já possuímos desde agora a vida eterna. É Jesus mesmo quem nos diz: “quem crê, tem a vida eterna” (Jo 6,47).

Na segunda leitura, tomada da carta aos Efésios, São Paulo nos diz: “Vocês são filhos (e filhas) queridos de Deus e por isso devem ser como ele” (Ef 5,1). E esta é uma proposta realmente desafiadora, para não dizer que parece mesmo impossível, porque parece impossível imitar a Deus. Então o que fazer? Porém, o próprio Paulo nos explicita: “… sejam bons e atenciosos uns para com os outros. E perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo, perdoou vocês” (Ef 4,32). E realmente esta proposta está totalmente sintetizada no mandamento do amor que Deus nos deixou; seu único mandamento: “O que o mando a vocês é isto: amem uns aos outros” (Jo 15,17).

Porém, por que é tão difícil ser bons como Jesus, perdoar como Jesus?

O problema é que queremos ser bons como nós mesmos achamos que devemos ser, sem mudar nossas certezas, nossos desejos, ou tudo aquilo a que já estamos acostumados.

Queremos perdoar, mas ficamos com a certeza de que tivemos razão, não queremos esquecer a ofensa, continuamos questionando a atitude do outro, fomos magoados, mas não queremos esquecer.

Então, agora, e retomando o evangelho de hoje, tais certezas impedem que sejamos diferentes daqueles do evangelho que não conseguiram enxergar o Jesus Divino, porque tinham certeza de que Ele era apenas o filho de Jose e Maria, apenas Jesus humano.

A sociedade nos programa, não deixamos o coração aberto para as surpresas e novidades que Deus dia a dia nos oferece e ainda por cima, deixamos passar essas surpresas e novidades e não identificamos as obras de Deus exatamente como aqueles do evangelho que não conseguiram identificar Jesus como Filho de Deus, o Pão verdadeiro, o Pão de vida descido do céu.

Então irmãos e irmãs, o que fazer? Como podemos, não já imitar a Deus, coisa realmente impossível, mas ser parecidos com Jesus? Pois para ficar parecidos com Jesus, é necessário assumir a centralidade do mandamento do amor, mas não de nossa forma de amar, selecionando a quem amar, e como amar, e sim amando com a medida de Jesus. E esta é a diferença.

Assim, vencendo nossas incertezas, para ser parecidos com Jesus, precisamos identificar-nos com o Jesus-Caminhante, abrindo-nos a seu ministério de salvação e libertação, para que sejamos seus filhos e filhas e irmãos e irmãs uns dos outros; precisamos identificar-nos com o Jesus-Verdade, renunciando, assim, a nossas mentiras e ambições pessoais; finalmente precisamos identificar-nos com o Jesus-Vida, abraçando seu plano de amor e entregar-nos a viver a verdade do evangelho para que outros tenham vida nele.

Irmãos e irmãs, e com estas palavras termino esta reflexão, neste Dia dos Pais, em sintonia com Deus, nosso grande Pai, e junto aos nossos pais, presentes o distantes, vivos o falecidos, caminhemos com Jesus, buscando ampliar nosso entendimento de sua Palavra, para melhor vivê-la a cada dia.